quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

'Pensamento Desnecessário #38

No escuro as palavras não existem, não tem porquê existir, as palavras não precisam. Sendo nem sim, nem não, nem certos, nem sabedorias, apenas abandono, irreflexão - um inominável. Mesmo o divertimento numa fuga, a mímica do coração que escondido agora o que se abre feito enfim um ser. Que nunca seja tarde e isso ao que se dá, a quem que nunca seja tarde assim mesmo a cada vez aquele íntimo olhar, olhos fechados, este sem rumo, uma vagueza boa, este sem jeito, este sem ter mesmo que ser. A cada vez esta primeira vez. Que nunca seja nada nem seja apenas si de tanto a mais. A minha consciência nua, absurda, crua, primitiva, inventa sorrisos únicos, inventa melodias, inventa exaustões e estrelas, e a noite acorda, e a noite faz-se ver. As luzes morrem, mesmo aquelas que se contam em bilhões de anos , em bilhões de anos luz que mentem, que falsificam, versões luzem, eternamente tremeluzem, enfraquecem-se, fingem existir e nós fingimos igualmente acreditar que nunca morrem os azuis que são como se fossem nossas sensações desimpedidas quando se abre aquela porta, quando se deixa escorrer, entrar. Se a noite acaba, a noite não acaba nunca se você esta aqui, se estamos, se não está, onde está. Onde está ? é só uma pegunta ingênua, inapelável, tosca, inconcebível mesmo. Na escuridão as palavras movem-se sem olhos, tateiam superfícies e desprezam a necessidade do acerto. (...)
Luci Collin.

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