quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

'Pensamento Desnecessário #36

''Passava das três horas da madrugada fria com céu extremamente limpo e vazio. Todos haviam desaparecido de minha limitada visão, que só observava resquícios de vinho e algumas frutas da estação como morangos e uvas. Aos poucos poucos me levantei, recobrando lentamente a memória e a consciência, me dirigi até um longo corredor e avistei um espelho oval com moldura antiga, dourada e pouco empoeirada onde pude notar que minha maquiagem normalmente exagerada já não existia. Foi quando percebi o reflexo de um quadro posicionado atrás de mim, não imagino quem o pintou mas lembrava algo de origem Renascentista;me virei rápida e impulsiva como se ele houvesse pronunciado meu nome... Dentre várias faces que nele continham, em particular um me chamou a ligeira impressão de reconhecimento: uma moça de vestido preto sentada ao fundo da imagem com olhar sombrio e talvez perdido. Foi quando imaginei que por ventura poderia ser uma de minhas mil almas, perdida tanto quanto eu, mas em outra época, outra dimensão... Por mais vulnerável que estivesse mantinha a pose fria, porém, não amenizava a imoralidade de seu rosto.''

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